Saiba como melhorar o aprendizado do seu filho com autismo: estratégias práticas

Aprendizado e autismo caminham juntos, embora muitas vezes isso não seja amplamente compreendido ou conhecido. Portanto, hoje, antes de falarmos sobre estratégias para melhorar o aprendizado do seu filho com autismo — ou melhor, com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) —, precisamos entender melhor esse transtorno do neurodesenvolvimento e como podemos promover o autocuidado e o conhecimento, respeitando seus desafios e limitações.
Como funciona a mente do meu filho com autismo?

O cérebro das crianças e adolescentes com autismo, pensando em termos simples e práticos, processa informações de maneira diferente de outros indivíduos. Há casos em que há uma maior conectividade em funções de atenção e tomada de decisão, mas podem se apresentar de forma desorganizada.
Já outras crianças e adolescentes no espectro demonstram uma conectividade cerebral diferente, ou seja, reduzida. Eles interagem menos socialmente e possuem dificuldade em processar várias informações ao mesmo tempo. Não podemos deixar de mencionar a sensibilidade sensorial, que tende a ser mais reativa. Isso explica a sensibilidade a sons, luzes e até aromas. Isso ocorre porque áreas cerebrais de processamento sensorial são mais ativas do que outras.
E, por mais que isso pareça complexo, é preciso entender que são crianças e jovens diferentes, com muitas possibilidades dentro do seu universo. Há aqueles também que demonstram habilidades excepcionais em áreas específicas, surpreendendo muitos familiares. É o caso do seu filho? Continue conosco neste texto para entender mais sobre o aprendizado, na prática.
Como é a aprendizagem do meu filho com autismo?

Crianças com autismo possuem dificuldades de comunicação e interação social, que se complementam com um padrão repetitivo e restrito de interesses e comportamentos. É importante ter em mente que o autismo (TEA) não é uma condição única e, como indica sua sigla, possui um espectro de manifestações comportamentais e de neurodesenvolvimento. Além disso, cada criança ou adolescente pode apresentar causas e graus de comprometimento variados. Logo, como são indivíduos únicos com pais que, de diferentes maneiras, tentam melhorar o aprendizado de seus filhos, a forma como eles aprendem também terá singularidades.
Neste universo cheio de questionamentos, a principal dúvida dos pais de filhos com autismo é como se dará justamente o aprendizado — um processo básico que toda criança e adolescente experimenta em sua vida.
Cerca de 70% dos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam comorbidades associadas, como TDAH e até mesmo deficiência intelectual. Não há regras; apenas um profissional consegue identificar tanto o autismo quanto seus desdobramentos psicológicos.
Talvez esse seja o maior desafio no entendimento de como melhorar o aprendizado do seu filho com autismo. É preciso entender que o próprio autismo traz algumas dificuldades e, apesar de muitas crianças e adolescentes apresentarem boa capacidade cognitiva, há certas comorbidades que podem aumentar os desafios. É importante notar, durante o processo de aprendizagem, esses sinais:
- Dificuldade na interpretação de textos;
- Tendência em focar nos detalhes fora de contexto, o que pode gerar falta de foco na escola;
- Dificuldade em suprimir informações irrelevantes durante a leitura;
- Dificuldade em compreender contextos e a perspectiva dos colegas ao redor;
- Dificuldade em organizar e processar informações ditas pela primeira vez.

Há um mito muito difundido entre as pessoas de que crianças e jovens autistas não possuem dificuldades com matemática. Mas é preciso considerar a singularidade de cada um: pode ser que seu filho seja bom com números, ou tenha dificuldades, mas consiga superá-las. O mito de que pessoas com autismo possuem habilidades matemáticas extraordinárias é baseado na percepção popular de que o autismo resulta em uma mente muito afiada e, portanto, rápida no mundo das ciências exatas. No entanto, é importante entender que isso não é uma regra.
Conhecer esses fatores evita que os pais reprimam a criança ou o adolescente em meio às dificuldades, não os rotulem, e incentivem com carinho e estratégias a melhoria no aprendizado do filho com autismo.
Como posso melhorar o aprendizado do meu filho com autismo?
Para melhorar o aprendizado do seu filho com autismo, é importante começar com práticas simples, que vêm antes do papel, caneta e lápis. Os pais podem estimular e ensinar seus filhos a desenvolverem pequenas autonomias, como o autocuidado desde cedo. Incentivando-os a aprender sobre o mundo e a darem seus primeiros passos. Essa tarefa pede tempo e paciência, mas será o pilar para o aprendizado de maneira geral.
É importante que, mesmo que os pais conheçam outras crianças com autismo, não comparem o desenvolvimento de seu filho. Respeite o tempo dele e, inclusive, insira no cotidiano todas as orientações que psicólogos e psicopedagogos possam lhe fornecer. Torne seu lar uma extensão do que ele aprende na escola e nos tratamentos.
Agora, vamos para as estratégias que poderão ajudar seu filho a melhorar o aprendizado com autismo:

1. Utilize recursos visuais e objetos tangíveis
Algumas pessoas com autismo podem aprender de maneira mais eficiente quando expostas a recursos visuais. Sempre que possível, ao ensinar novas habilidades, experimente utilizar fotos, imagens ou objetos físicos para ilustrar conceitos, adaptando a estratégia às preferências individuais
2. Divida as atividades em partes menores e objetivas
Tarefas simples do dia a dia, como escovar os dentes ou arrumar a cama, podem se tornar desafiadoras para pessoas com autismo. Ao ensinar uma nova habilidade, divida-a em etapas claras e manejáveis, como “pegar a escova”, “colocar a pasta”, “escovar por 10 segundos” e assim por diante. Outra aplicação prática pode ser ensinar a vestir uma camiseta, separando o processo em “colocar a cabeça”, “vestir um braço”, e depois o outro. Cada etapa concluída com sucesso é um avanço significativo rumo à independência e ao domínio da atividade completa.
3. Reconhecimento e incentivos são ótimos reforçadores
Assim como as pessoas típicas, indivíduos com autismo respondem positivamente a elogios e recompensas. Quando perceber um comportamento desejado ou uma habilidade nova, ofereça um reconhecimento genuíno ou uma recompensa para reforçar essa ação e motivar a repetição.

4. Tenha paciência e persistência no processo
O tempo de aprendizado pode ser mais longo para crianças e adultos com autismo. Seja paciente e consistente ao ensinar novas habilidades. Se a tarefa não for dominada em uma ou duas tentativas, continue tentando. Dê tempo para que a pessoa aprenda no seu próprio ritmo e pratique regularmente para consolidar o aprendizado.
5. Encoraje o uso das habilidades em diferentes contextos
Auxilie na transferência das habilidades aprendidas para diferentes situações e ambientes. Isso é o que chamamos de generalização, um processo essencial no aprendizado, especialmente para pessoas com autismo. Ele consiste em garantir que os conhecimentos adquiridos em um ambiente, como a terapia, possam ser aplicados no cotidiano. Por exemplo, se uma criança aprende a pedir algo usando palavras em sala de aula, é importante incentivá-la a fazer o mesmo em casa ou em um passeio. Esse processo aumenta a funcionalidade e a utilidade das habilidades, promovendo maior independência.
6. Estimule interações sociais com atividades colaborativas
Incentive a interação social por meio de brincadeiras e jogos que promovam a comunicação e o trabalho em equipe. Participe de atividades que envolvam dividir interesses, trocar turnos (como “minha vez” e “sua vez”) e praticar habilidades sociais, como fazer ou responder perguntas.
7. Regulação emocional: o papel dos profissionais e como os pais podem colaborar
O desenvolvimento de habilidades para lidar com emoções e comportamentos desafiadores, como frustração e raiva, é conduzido principalmente por psicólogos ou outros profissionais da saúde especializados. Esses profissionais ensinam estratégias como técnicas de relaxamento (por exemplo, respiração profunda) e formas de expressar sentimentos. Os pais têm um papel importante em reforçar essas práticas no dia a dia, criando um ambiente que favoreça a aplicação dessas habilidades de maneira consistente.
8. Crie uma estrutura estável e previsível
Desenvolva uma rotina organizada e previsível para que a pessoa saiba o que esperar em diferentes situações. Isso pode reduzir a ansiedade, promovendo um ambiente mais seguro e controlado.

9. Incentive uma comunicação funcional e adaptada ao seu filho
Facilitar a comunicação é essencial para o desenvolvimento e o bem-estar de crianças com autismo. Explore diferentes formas de comunicação que sejam mais naturais para o seu filho, como palavras, gestos, imagens ou dispositivos de comunicação assistiva. Por exemplo, criar um quadro com figuras representando atividades do dia pode ajudá-lo a expressar o que deseja ou precisa. O importante é adaptar os métodos às suas habilidades e preferências, tornando o processo acessível e funcional no dia a dia.
10. Fomente a inclusão social em diferentes ambientes
Estimule a inclusão em contextos sociais naturais, como escolas e na comunidade. Incentive a interação com amigos, familiares e colegas, o que fortalecerá os laços sociais e ajudará no desenvolvimento de habilidades interpessoais.
Como posso apoiar a escrita e leitura do meu filho com autismo?
O aprendizado da leitura e da escrita para crianças com autismo exige estratégias específicas que respeitem suas particularidades. No Espaço Cume, contamos com profissionais qualificados que utilizam técnicas eficazes para auxiliar nesse processo. Entre essas técnicas, destaca-se a metodologia fônica, amplamente reconhecida por sua eficácia na alfabetização de crianças com autismo, pois está alinhada ao desenvolvimento cerebral e cognitivo delas.
A metodologia fônica, como explicada por pesquisas do Instituto Neuro Saber, trabalha a associação entre o som das letras e sua grafia. Por exemplo, ao ensinar vogais, os sons correspondem aos nomes das letras — “a”, “e”, “i”, “o”, “u”. Para as consoantes, como o “F”, o foco está em diferenciar o nome da letra (“EFE”) do seu som (“ffff”), reforçando o aprendizado por meio de demonstrações práticas e repetição, realizadas com orientação profissional.
No contexto da escrita, os profissionais podem auxiliar as crianças utilizando instruções claras e visuais, como quadros de tarefas ou cartões com imagens e palavras associadas. Isso facilita a assimilação de conceitos e reduz a sobrecarga cognitiva. Além disso, o aprendizado pode ser potencializado ao incorporar os interesses pessoais da criança, como animais ou personagens favoritos, promovendo maior engajamento e motivação.
O papel da família é fundamental no reforço dessas práticas no cotidiano, mas sempre com o suporte contínuo de uma equipe especializada. Juntos, profissionais, escola e familiares podem criar um ambiente que favoreça o progresso na leitura e escrita, respeitando o ritmo e as necessidades individuais da criança.

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